sábado, 1 de outubro de 2011
Enquanto "eu"
Há tanto tempo que não me proponho a escrever que as palavras parecem fugir do meu pensamento. Meus dias tem sido difíceis, longos, intensos, duros talvez. Nada que se compare a um cárcere, apenas minhas próprias prisões armadas. Dores que nunca partem, amarras. É como alguém que espera dolorasamente por um brilho de sol que abrande e que dê sentido a tudo, um sol que resiste em não aparecer. Em meio a isso me pego pensando sobre muitas coisas e uma delas a mais difícil: quem realmente sou. E logo neste primeiro passo fico sem resposta. Andei pela vida! Andei como um boi sedento a espera de um riacho, um Oasis sempre mais distante e inalcançável. Fiquei andando em círculos e eu nem sei por quanto tempo... hoje, ao parar e refletir sinto uma tristeza tão profunda por isso. Mas o tempo não retrocede então seguimos em frente. Tenho 25 anos, uma profissão, um bom lar, algumas bugigangas e muitos sonhos. Isso é tudo que tenho. Não tenho meus pais por perto, nem meus sobrinhos, não tenho colo quando gostaria, não tenho um amigo sempre ao meu lado, não tenho nada que preencha de fato esse vazio. O que tenho é essa casa vazia, silenciosa e muitas vezes assustadoramente fria. Aqui não tem vida, não tem calor! A vida esvaiu de um jeito por aqui, por ali, ali fora, cá dentro. Não se engane papel, não estou tentando preencher nada, pelo menos não com aquilo que não é? Mas o que de fato é? Sabe quando você questiona tudo e perde a razão das coisas. Em vez de encontrar razões eu as perdi. Sabe quando você quer rasgar essa pele e tentar encontrar algo mais, quando tudo te incomoda tanto que você nem sabe para onde correr. Sabe quando nenhum lugar serve? Lembro quando meu melhor amigo dizia que enquanto eu não me encontrasse iria vagar por muito tempo... Vaguei por muito tempo e continuo sem me encontrar. Tudo não parece passar de uma grande ilusão, e quando enterro meus sonhos para viver no presente, enterro também a mim, também o que sou. Não concordo com nada que está lá fora mas ainda necessito do que está lá. Sinto que se me arrancarem o pouco que resta eu estarei ainda mais vazia e neste ponto pode haver dois caminhos. Ou eu começo a preencher do zero, ou eu me perco nessa solidão. Estou com medo! Muito medo! e eu sei que se pedir conselhos as pessoas vão me dizer uma forma simples de resolver o problema, a forma mais fácil, eu poderia voltar ao que eu era. Mas e se isso não for o suficiente agora? E se eu não puder ou quiser voltar e se as escolhas fáceis não resolverem o problema. É certo, elas não vão! Mas é tanta dor que as vezes fico cega, mas lá dentro, lá dentro mesmo é como ouvir que eu só preciso resistir mais um pouco, um pouquinho só, o suficiente para terminar o que precisa ser terminado, e quando eu renascer a casca já terá rasgado e o novo será pleno. Talvez seja só uma questão de deixar esse ano para trás... engraçado, a Carol que aprendeu a sempre agir está prisioneira de uma certa inação física, e nem sabe lidar com todo esse processo interior. Passei tanto tempo fazendo coisas que quando a vida me pediu uma trégua para organizar eu pirei. E hoje, mais do que nunca vejo que enquanto houver uma lágrima para chorar, terei de deixar ela ir, é como se algo precisasse ser esvaziado. Uma guerra que eu me comprometi a lutar e que não me permite desertar. E nestas horas, coloco essa máquina a serviço do tempo, para que ele aja limpando tudo, destruindo os muros, rompendo as grades, destrancando as portas e finalmente deixando o rio correr. É como se tudo que eu carreguei comigo agora precisasse ser deixado para trás e como é duro, como é difícil deixá-los no caminho. Mas eu sei, eu sei que por mais dolorido que seja, é agora que preciso fazer isso e nem o medo, nem as dores, não a nada que me faça querer parar esse processo. Eu tenho fé, muita fé e coloquei o meu corpo a disposição divina, para que seja feita a transformação necessária aqui. Enquanto não me encontro eu terei de seguir as escuras, tateando entre cômodos de ilusão. Uma hora mais acordada, na outra mais dispersa. Ele certamente tem um propósito que envolve tudo isso, talvez hoje seja difícil entender, mas um dia, eu sei que vou agradecer.
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